Journal of Democracy em Português – Edição de novembro de 2020

Os militares na política; as fraquezas da democracia liberal frente ao populismo
e à polarização nas redes sociais; os estratagemas para se fortalecer no poder usados
por Bolsonaro, em tempos de Covid-19, e por Maduro, em sete anos de crise econômica
e social. Estes são os temas dos cinco artigos desta edição.

Assista à apresentação desta edição por Sergio Fausto, diretor da Fundação FHC e coeditor do Journal of Democracy em Português. 

Artigos desta edição:

De Volta ao Centro da Arena: Causas e Consequências do Papel Político dos Militares sob Bolsonaro
Octavio Amorim Neto e Igor Acácio

Em artigo inédito, os cientistas políticos analisam as implicações do recente protagonismo de militares na política brasileira: “Colocar os militares no centro da arena política significa colocar representantes de uma organização opaca e radicalmente vertical no centro de um regime político que se fundamenta justamente no oposto, isto é, na transparência e em relações horizontais.”

A persistente vulnerabilidade da democracia liberal
William A. Galston

No segundo texto, o professor da Brookings Institution explora as “vulnerabilidades” da democracia liberal frente ao populismo, como as dicotomias “racionalismo e emoção” e “elite e povo”. “A democracia liberal possui fraquezas estruturais intrínsecas que as dificuldades atuais exacerbam, mas não criam. Essas fraquezas residem no código genético da democracia (…). São uma condição a ser tratada, não uma doença a ser curada”, afirma o autor.

Desconfiança nos aplicativos de mensagens na América Latina
Noam Lupu, Mariana V. Ramírez Bustamante e Elizabeth J. Zechmeister

No terceiro artigo, três pesquisadores vinculados à Universidade Vanderbilt analisam “os dois lados da moeda das redes sociais” na política latino-americana, com destaque para os recentes processos eleitorais no Brasil, na Argentina, no México e em El Salvador. “De um lado, os usuários frequentes de redes sociais estão mais comprometidos com a diversidade política e com a política democrática, ao menos em termos de princípios abstratos. De outro, a evidência sugere que a maior exposição a afirmações falsas e a mensagens emotivas, por vezes de ódio, podem, de fato, aumentar a insatisfação com sistemas políticos e a desconfiança de instituições democráticas.”

Por que Maduro ainda não caiu
Javier Corrales

O professor do Amherst College busca entender por que (e como) o presidente venezuelano se mantém no poder em Caracas apesar de profunda crise. Entre as “ferramentas de sobrevivência autocrática”, ele cita a “fusão de funções”. “Essa tática autoritária consiste em transferir a instituições existentes a capacidade de executar uma série de funções tradicionalmente reservadas a outras instituições. Maduro levou a fusão de funções a novos patamares, como atribuir papéis econômicos às Forças Armadas, converter grupos civis organizados em criminosos e paramilitares e transformar uma assembleia constituinte eleita de maneira irregular em uma máquina política de múltiplas funções”, explica.

A cartilha populista brasileira
Amy Erica Smith

“A democracia brasileira já estava doente antes de ter contraído Covid-19. A capacidade de Bolsonaro de moldar a visão de parte importante dos eleitores em questões de vida ou morte aprofunda a polarização. No longo prazo, essa tendência poderá não prejudicar as eleições democráticas, mas afetará a capacidade dos cidadãos de monitorar e responsabilizar seus representantes eleitos”, escreve a cientista política norte-americana no último artigo desta edição.

O Journal of Democracy em Português faz parte da Plataforma Democrática, uma iniciativa da Fundação FHC e do Centro Edelstein e está disponível em versão eletrônica, gratuita e semestral.