Ainda estava na presidência da República, quando comecei a pensar sobre o que faria com toda a minha documentação pessoal. Pela Lei nº8.394, de 30 de dezembro de 1991 - que disciplina os “acervos privados dos presidentes da República”, teria a responsabilidade de organizá-la e colocá-la à disposição do público. No meu caso, um imenso e variado acervo composto de textos, cartas, livros, anotações, fotografias, objetos, vídeos etc., que acumulara não apenas em alguns anos no Palácio do Planalto, mas em muitas décadas como sociólogo, senador e ministro.
Nasceu assim a ideia de fundar um instituto. Quis que ele fosse não só um centro de memória histórica, mas também um lugar de debates sobre a democracia e o desenvolvimento. Duas causas com as quais estive envolvido desde muito cedo. Desempenhando um ou outro papel, sua missão para mim seria uma só: contribuir para ampliar a compreensão e disseminar conhecimento sobre o País e seus desafios, com os olhos abertos para o mundo.
Inaugurado em maio de 2004, com um debate internacional que reuniu políticos e intelectuais do Brasil e do exterior, entre eles, Bill Clinton e Manuel Castells, o Instituto transformou-se em Fundação em 2010. O objetivo da mudança foi o de fortalecer o iFHC - hoje chamado Fundação FHC, como instituição perene, comprometida com a missão definida em sua origem.
Transcorridos mais de 18 anos da sua criação, foram realizados mais de 500 debates, mais de 40 livros publicados, organizados, digitalizados e colocados à disposição do público. Ao todo, cerca de 115 mil documentos do meu acervo. Estou convicto de que valeu a pena criar a Fundação FHC.