Tempo e circunstância: a abordagem contextual dos arquivos pessoais
A inexistência de modelos descritivos coerentes na literatura disponível, a opção por dar tratamento individualizado aos documentos, entre outros, levaram à formulação de uma abordagem nova, apresentada neste livro.
Quando e como são as perguntas que sempre ocorrem ao profissional da área de arquivo na tentativa de caracterizar a produção dos documentos, considerados individualmente ou em conjunto. Por mais que se desdobrem em outras, tais questões traduzem, de fato e de maneira perfeita, as operações típicas a que se submetem os documentos de arquivo, ativos e inativos, para permitir os efeitos de ordem prática a que se destinam, isto é, o cumprimento de determinadas ações para as quais servem de veículo e a comprovação de que tais ações foram praticadas.
À pergunta quando correspondem as operações de temporalização, que instituem as datas pontuais de determinadas providências. A resposta à pergunta como sugere a apresentação das situações concretas de produção e acumulação dos documentos, isto é, as circunstâncias que lhes deram origem. A dificuldade é que no âmbito dos arquivos pessoais, as fronteiras que demarcam as diferentes áreas de ação de um mesmo indivíduo são tênues e imprecisas.
O tamanho e a complexidade do arquivo de Fernando Henrique Cardoso exigiram uma série de decisões que, ao lado de seu evidente sentido prático, buscaram apoio na teoria arquivística. A inexistência de modelos descritivos coerentes na literatura disponível, a opção por dar tratamento individualizado aos documentos e a disposição de incorporar livros e objetos ao mundo dos arquivos levaram à formulação de uma abordagem nova, apresentada neste livro.