Ruth Cardoso, formadora
Um olhar sobre a vida da Dra. Ruth Cardoso a partir de seu legado transversal de formação de pessoas, que deixou marcas na academia, nas políticas sociais e na vida daqueles que interagiram com ela.
Ruth Villaça Corrêa Leite Cardoso (Araraquara, 1930– São Paulo, 2008) foi uma intelectual e ativista social cujo legado perdura nos tempos atuais.
Antropóloga formada pela USP, foi docente e pesquisadora na mesma universidade, no Cebrap, do qual foi uma das fundadoras, e em universidades como Berkley, Columbia e Universidade do Chile. Foi pioneira no campo da antropologia urbana e contribuiu para a consolidação da disciplina no Brasil através de sua pesquisa e da orientação de teses sobre temas como movimentos sociais, favelas, juventude, feminismo, entre outros.
Quando seu marido Fernando Henrique Cardoso foi eleito Presidente da República, ela ressignificou o papel de “primeira-dama” — termo que reconhecidamente a desagradava. Nesse período criou o Programa Comunidade Solidária e, como presidente do seu Conselho, robusteceu as relações entre Estado e Sociedade Civil e fortaleceu o Terceiro Setor no Brasil. Desse contexto surgiram programas como Alfabetização Solidária, Universidade Solidária, e Artesanato Solidário, voltados à combater a pobreza e a desigualdade social através da capacitação de comunidades como agentes do próprio desenvolvimento.
Essa exposição examina sua visão e ação formadora e seu subsequente legado através de depoimentos, relatos e documentos. Estruturada em quatro eixos — Dialogar, Cuidar, Capacitar e Marcar — traz um olhar retrospectivo para a vida da Dra. Ruth Cardoso focando na sua trajetória de formação de pessoas. Olhando para os princípios que a guiavam tanto na teoria quanto na prática, tanto na ação macro — concebendo programas sociais inovadores para todo o país — quanto no micro — ensinando os amigos a cozinhar — busca iluminar esse legado largamente imaterial. Cada página contém uma galeria de objetos digitais — vídeos, textos, fotos, áudios — a serem explorados.
Uma professora que gostava “muito de ensinar, mas não de dar aula”, que exercia o ensino “cotidianamente, em todos os momentos”, deixou um amplo legado de formação de pessoas, através dos programas sociais que desenvolveu, de seus alunos e orientandos que passaram a compor importantes quadros universitários, do conhecimento que produziu como pesquisadora, e das trocas diárias com aqueles ao seu redor. Sua atitude formadora, transversal e absolutamente coerente, tocou todos que interagiram com ela ao longo da vida.
Texto completo: Ciclo de Palestras para Mulheres – Porque política é coisa de homem?