Debates
31 de janeiro de 2012

The Key Investment Trends for 2012: especialistas em China apontam as novas tendências da economia chinesa e seus efeitos para a economia global

Promovido pela Fundação FHC e pelo Centro Empresarial Brasil-China, o evento teve a participação de dois analistas que conhecem a fundo a economia chinesa: Louis-Vincent Gavel e Arthur Kroeber.

Depois de uma rápida, mas forte desaceleração em 2008, reflexo do colapso mundial do crédito e do comércio que se seguiu à quebra do banco norte-americano Leman Brothers, a China voltou a crescer ao redor de 10% anuais, arrastando consigo a demanda mundial por commodities. A pergunta que está no ar diz respeito à capacidade de a China manter ritmo tão acelerado de crescimento nos próximos anos.

Para tentar respondê-la, a Fundação Fernando Henrique Cardoso e o Centro Empresarial Brasil-China promoveram, no dia 31/1, o seminário The Key Investment Trends for 2012, com dois analistas que conhecem a fundo a economia chinesa: Louis-Vincent Gavel e Arthur Kroeber. Gavel apontou as novas tendências gerais da economia global. Já Kroeber concentrou-se na análise da economia chinesa.

Segundo ele, no curto prazo, o maior problema é controlar o ritmo de expansão do crédito e do investimento em infraestrutura e habitação. Projetos de duvidoso retorno foram financiados com dinheiro fácil providenciado pelo governo chinês para amortecer o impacto da crise internacional de 2007/2008.

Parte dos empréstimos não será paga, mas Kroeber não vê riscos para o sistema financeiro chinês. A menos que o crédito continue a se expandir e os governos locais continuem a criar empresas para fazer investimentos financeiramente insustentáveis.

Aí, sim, alertou, poderia ocorrer a formação de “bolhas” que, ao estourarem, precipitariam uma crise financeira capaz de derrubar o crescimento chinês à metade do que ele é hoje. O economista, no entanto, avalia que o governo chinês não apenas está ciente do problema, mas dispõe de recursos e instrumentos suficientes para resolvê-lo.

Para o Brasil, a notícia mais importante é que, embora a demanda chinesa por minério de ferro tenda a cair, uma vez encerrado o grande ciclo de investimento habitacional, a demanda por alimentos continuará em expansão.

O cenário de Kroeber supõe que a China saberá enfrentar também o desafio de converter um modelo de crescimento apoiado principalmente na poupança, no investimento e nas exportações, com uso intensivo de mão-de-obra barata, em um modelo de crescimento com maior dinamismo do consumo, do mercado interno e da inovação. A transição já começou a ser feita, haja vista a tendência ao aumento dos salários e da produção de manufaturados com maios sofisticação tecnológica. Mas ainda há um bom caminho a percorrer. E existem obstáculos, no caminho, como ele próprio reconhece.