Quais as políticas mais eficazes para reduzir a pobreza e a desigualdade?
“Nos últimos 25 anos, houve extraordinário progresso no acesso à educação, mas a produtividade empacou. O grande desafio do país é conciliar as duas coisas”, disse Naercio Menezes, pesquisador do Insper.
“Não há dúvida de que o Bolsa Família reduziu a pobreza, aumentou o poder das mulheres (no contexto familiar), melhorou a saúde das crianças (ao possibilitar o consumo de alimentos mais nutritivos) e estimulou a permanência delas nas escolas. Mas o programa resultou em efetiva melhora do nível educacional dos filhos dos beneficiados e em empregos melhor remunerados para esses jovens adultos? Para aprimorar o Bolsa Família, é preciso estudar mais profundamente seus efeitos de longo prazo”, disse Cecilia Machado (FGV), neste seminário que juntou três economistas que pesquisam diferentes aspectos do impacto das políticas sociais colocadas em prática no Brasil desde meados dos anos 90.
“O aumento do salário mínimo (após o fim da hiperinflação e como política de governo nas últimas duas décadas, aproximadamente) reduziu a desigualdade social, mas dados empíricos revelam efeitos perversos no aumento da informalidade e do desemprego, principalmente entre jovens negros”, alertou Sergio Firpo (Insper).
“De 1965 aos anos 80, o Brasil dobrou sua produtividade, mas falhou no acesso da população mais carente à educação. Nos últimos 25 anos, houve extraordinário progresso no acesso à educação, mas a produtividade empacou. O grande desafio do país é conciliar as duas coisas”, disse Naercio Menezes Filho (Insper e FEA-USP).
Otávio Dias, jornalista, é especializado em política e assuntos internacionais. Foi correspondente da Folha em Londres, editor do site estadao.com.br e editor-chefe do Huffington Post no Brasil.