Debates
12 de setembro de 2013

O legado (?) dos grandes eventos esportivos

Nossos convidados foram Magic Paula, ex-jogadora da seleção de basquete; Maria Silvia Bastos Marques, principal dirigente da Empresa Olímpica do Rio de Janeiro; e Caio Luiz de Carvalho, que foi ministro dos Esportes no governo FHC.

No dia 12 de Setembro de 2013, a Fundação FHC realizou o debate “O legado dos grandes eventos esportivos”. Participaram Magic Paula, ex-jogadora da seleção de basquete, hoje diretora executiva do Instituto Passe de Mágica; Maria Silvia Bastos Marques, principal dirigente da Empresa Olímpica do Rio de Janeiro; e Caio Luiz de Carvalho, executivo do Grupo Bandeirantes de Comunicação, que foi Ministro dos Esportes no governo FHC.

Maria Silvia declarou que o objetivo da cidade do Rio de Janeiro é se tornar, até o final da década, a melhor cidade para se viver na América Latina. Este é o legado que se pretende deixar com os investimentos em infraestrutura, saneamento e mobilidade urbana, motivados pelos Jogos Olímpicos. A importância maior do evento, a seu ver, é ter despertado um sentimento de urgência que mobiliza diferentes níveis de governo e o setor privado. Ela apontou os desafios enfrentados na coordenação dos esforços desses vários agentes e detalhou os projetos em andamento. “Já participei de muita coisa grande na minha vida, mas nada tão complexo”, declarou a respeito da organização dos Jogos Olímpicos.

Magic Paula e Caio Luiz de Carvalho realçaram a oportunidade que grandes eventos podem representar para o esporte. A ex-jogadora de basquete, que defendeu a seleção brasileira por 22 anos, criticou a falta de uma visão do esporte como instrumento para o desenvolvimento humano. Destacou o quanto o basquete foi importante no seu aprendizado de valores fundamentais como saber vencer e perder, respeitar os adversários, colaborar com a equipe, etc.

Os Jogos Olímpicos deveriam servir para mudar a cultura esportiva do país. Em sua opinião, essa oportunidade estaria sendo desperdiçada. Para contrastar, ela citou o exemplo da China, que massificou a prática do esporte como estratégia de longo prazo para a obtenção de medalhas nas Olimpíadas. Austrália e Inglaterra optaram pela estratégia de investir em um grupo selecionado de atletas com maiores chances de premiação. O Brasil não estaria fazendo nem bem uma coisa nem outra, segundo Magic Paula.

Caio Luiz de Carvalho completou a intervenção da “cestinha” chamando a atenção para a falta de uma política de esportes que tenha duração de longo prazo. Esta deveria planejar o investimento tanto no esporte de massa como no de alto rendimento. Mas, principalmente, no primeiro. Por isso, defendeu a absorção do Ministério dos Esportes pelo Ministério da Educação.

Munido de dados, assegurou que “a conta dos grandes eventos esportivos nunca fecha”, salvo quando se consideram os benefícios intangíveis. Disse não duvidar das vantagens que os Jogos Olímpicos deixarão para a cidade do Rio de Janeiro. Sobre a Copa do Mundo, porém, a herança não passará de estádios bonitos e caros, concluiu.