Desafios econômicos e políticos da América Latina em condições mundiais adversas
Conversamos com o economista chileno Andrés Velasco. Em debate: os desafios da região frente ao cenário de desaceleração do crescimento, persistente inflação e aumento das tensões geopolíticas.
A economia da América Latina não vai muito bem, mas a política vai pior ainda, resultando em paralisia política, declínio da confiança da população nos respectivos governos e crises institucionais na maioria dos países. Daí a necessidade de reformas políticas e institucionais, coisa que, no entanto, não é nada fácil de fazer em um contexto de crescente polarização política.
Este foi o resumo da fala do economista chileno Andrés Velasco, ex-ministro da Fazenda do Chile (2006-2010), nesta palestra virtual realizada pela Fundação FHC, em parceria com o Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP) e o Instituto de Estudos de Política Econômica/Casa das Garças (IEPE/CdG).
“It’s the politics, stupid”, disse o diretor da School of Public Policy da London School of Economics and Political Science, parafraseando a famosa frase de James Carville, estrategista da campanha presidencial de Bill Clinton contra George H. W. Bush, em 1992.
Segundo Velasco – Ph.D. em economia pela Columbia University e pós-doutorado em economia política na Harvard University e no Massachusetts Institute of Technology –, as perspectivas de crescimento sustentável na região são baixas devido a quatro síndromes que afligem, de maneira diferente, as principais economias latino-americanas:
- Instabilidade macroeconômica endêmica – Presente na Venezuela, na Argentina e no Equador;
- Estabilidade macroeconômica, mas com crescimento em declínio – Presente no Peru e no Chile;
- Economia aberta, reformas, exportações em alta, mas com baixo crescimento econômico – Presente no México, caso único na América Latina;
- Desempenho macroeconômico medíocre, gestão microeconômica confusa e captura do Estado – Mix de problemas que atingem o Brasil.
Ainda de acordo com o economista, a América Latina precisa de um “choque de produtividade” em suas exportações. “Há duas maneiras de exportar mais e com maior valor agregado: tornar-se cada vez melhor naquilo que faz e mover-se para novas áreas e setores”, afirmou.
Após sua apresentação, Velasco respondeu a perguntas de importantes economistas como Pedro Malan e Affonso Celso Pastore, entre outros, e do cientista político Sergio Fausto, diretor da Fundação FHC.
Saiba mais:
Conheça a série Conexão América Latina, que traz ensaios sobre as mudanças políticas, culturais e socioeconômicas que afetam a qualidade da democracia na região.
Leia também:
O desafio da inserção da indústria brasileira em um mundo em transformação
América do Sul: os desafios da democracia na região, a partir da experiência em três países
Polarização política: como superá-la e promover o diálogo na sociedade
Otávio Dias é editor de conteúdo da Fundação FHC. Jornalista especializado em política e assuntos internacionais, foi correspondente da Folha em Londres e editor do site estadao.com.br.