Mensagem de Pedro Malan sobre os 20 anos da Fundação FHC
O Instituto Fernando Henrique Cardoso foi criado em 2004, com o propósito de se constituir não apenas como um centro de memória histórica, mas também como um lugar de debates sobre democracia e desenvolvimento. A missão do Instituto seria, fundamentalmente, a de “contribuir para ampliar a compreensão e disseminar conhecimento sobre o país e seus desafios — com os olhos atentos para o mundo”.
Em 2010, o Instituto FHC transformou-se em Fundação FHC com o objetivo de assegurar seu estatuto de instituição perene, comprometida com missão tal como defendia em sua origem como também seus três grandes valores: (a) respeito ao pluralismo de opiniões; (b) crença no debate qualificado de ideias e (c) adesão total à Democracia.
Comemoramos neste ano de 2024 as primeiras duas décadas de um projeto vitorioso. Os responsáveis pela condução tanto do Instituto FHC quanto da Fundação FHC podem e devem sentir justificado orgulho pelo trabalho que fizeram e que farão nas décadas vindouras para perenizar o legado de FHC, contribuir para a melhoria do debate público sobre o Brasil e seu futuro e da preservação da memória nacional.
Lembrando sempre o que escreveu o historiador francês Pierre Nora em seu “Entre Memória e História: a problemática dos lugares” (1993), “A memória é vida, sempre carregada por grupos vivos e, nesse sentido, ela está em permanente evolução, aberta à dialética da lembrança e do esquecimento, vulnerável a todos os usos e manipulações, suscetível de longas latências e de repentinas revitalizações… A memória é um fenômeno sempre atual, um elo vivido no eterno presente.”As palavras de Nora sempre me trouxeram à mente o que escreveu o grande T. S. Eliot em seu belíssimo Burnt Norton (Four Quartets).“O que poderia ter sido é pura abstração / que permanece eterna possibilidade / num mundo apenas de especulação / o que foi e o que poderia ter sido / converge para um só fim que é sempre presente.”
Que venham os próximos vinte anos!
LEIA O TEXTO NA ÍNTEGRAPedro Malan, economista, foi ministro da Fazenda (1995-2002), presidente do Banco Central (1993-1994) e negociador-chefe da dívida externa (1991-1993). É autor de ‘Uma certa ideia do Brasil: Entre passado e futuro’ (Intrínseca, 2018).