Para onde vão as duas Coreias?
Para falar sobre as perspectivas de uma melhora efetiva da relação entre as Coreias e a importância dessa aproximação para a paz mundial, a Fundação FHC recebeu uma das maiores especialistas em relações coreanas, da The University of British Columbia.
As negociações entre Estados Unidos e Coreia do Norte devem ser conduzidas passo a passo, com concessões gradativas de ambos os lados. O objetivo final é a desnuclearização de toda a península coreana, tanto do Norte como do Sul, incluindo a retirada definitiva de submarinos e outras embarcações nucleares presentes na região. “O caminho é tortuoso e difícil, mas não há outra alternativa. É isso ou ação militar, com resultados imprevisíveis. Espero que Washington, Pyongyang e as demais partes envolvidas saibam conduzir o processo com cautela e pragmatismo”, disse a professora Kyung-Ae Park, presidente da Fundação Coreana na Escola de Políticas Públicas e Assuntos Globais da The University of British Columbia (Canadá).
Segundo a diretora do Programa de Parceria de Conhecimento Canadá-Coreia do Norte, que desde 2011 recebe seis acadêmicos norte-coreanos anualmente para um período de estudos e pesquisas no Canadá, na Cúpula de Hanói (Vietnã), realizada em fevereiro de 2019, o presidente Donald Trump pressionou por um acordo total, que incluiria entrega de todo armamento, acesso irrestrito e eliminação de todas as instalações nucleares norte-coreanas.
“Washington adotou a estratégia de fazer máxima pressão, acreditando que poderia obter a paz pela força. A estratégia de Pyongyang é totalmente diferente. O regime norte-coreano quer valorizar seu status de potência nuclear e transformar a conversa com os EUA em um acordo de controle de armas”, disse a especialista.
Ainda de acordo com a palestrante, a Coreia do Sul pode ajudar o diálogo entre EUA e Coreia do Norte através da ampliação de programas de colaboração entre Seul e Pyongyang, com o objetivo de pouco a pouco elevar a confiança entre as partes.
“Pesquisas mostram que a maioria dos sul-coreanos não deseja a unificação de seu país com a Coreia do Norte, em especial por temerem que poderia prejudicar a economia A maioria, em especial os jovens, prefere uma coexistência pacífica”, concluiu.
Otávio Dias, jornalista especializado em política e assuntos internacionais, foi correspondente da Folha em Londres e editor do site estadao.com.br. Atualmente é editor de conteúdo da Fundação FHC.