The Global Financial Crisis: Currencies and Future Scenarios
A Fundação FHC recebeu o economista Barry Eichengreen no debate “The Global Financial Crisis: Currencies and Future Scenarios”, promovido em parceria com a BMF&Bovespa.
No dia 25 de julho, a Fundação FHC recebeu o economista Barry Eichengreen no seminário “The Global Financial Crisis: Currencies and Future Scenarios”, promovido em parceria com a BMF&Bovespa.
Pouco otimista sobre a recuperação da economia mundial, Eichengreen previu a continuidade da crise nos EUA e seu agravamento na Europa. O prognóstico negativo baseia-se principalmente na avalição de que não há, nem entre os líderes políticos americanos muito menos entre os europeus, consenso político suficiente para tomar, em tempo oportuno, as medidas econômicas necessárias para enfrentar a crise em toda a sua profundidade.
Seu pessimismo é maior com a Europa. Para Eichengreen, se antes do início da crise os líderes europeus talvez tivessem trinta anos para criar as bases fiscais e políticas que deveriam ter sido criadas antes da adoção do euro, agora o prazo é muito menor. O risco é que a desconfiança quanto à solidez dos bancos e à solvência fiscal de alguns grandes países europeus, como Espanha e Itália, desintegre a zona do euro antes que um novo e mais robusto edifício institucional esteja construído. Para evitar esse risco, o economista advogou ação urgente e mais agressiva do Banco Central Europeu e não poupou críticas à abordagem ortodoxa defendida principalmente pelo governo alemão de Angela Merkel.
Eichengreen afirmou que a presente crise deixa ao menos uma grande lição e uma importante dúvida. A lição é que, para reduzir os riscos de instabilidade sistêmica nos mercados financeiros, os principais Bancos Centrais do mundo deverão ter seus poderes de intervenção reforçados e seu campo de atuação ampliado. O desafio, assinalou, é duplo: de um lado, dotar a Autoridade Monetária de instrumentos e competências para regular mercados financeiros cada vez mais complexos e sofisticados; de outro, aumentar as exigências de transparência e prestação de contas sobre os Bancos Centrais.
Já a dúvida diria respeito à hierarquia futura das moedas no sistema monetário internacional. O dólar continua a ser a única moeda de reserva verdadeiramente internacional. Mas até quando? Eis a pergunta, já que os Estados Unidos hoje representam 25% e não mais 50% do PIB mundial como ao final da Segunda Guerra Mundial. E sua participação na economia mundial continua a diminuir. Ao longo da década passada, imaginou-se que o dólar viria a contar com a companhia do euro. Ocorre que a moeda única europeia está agora em xeque. Poderia a China, com o yuan, vir a ocupar esse lugar? Eichengreen acredita que sim, mas só no longo prazo (o economista pensa o mesmo sobre a moeda da Índia e mesmo sobre o real). O maior risco para o sistema monetário, alerta ele, é que nesta longa transição para uma multiplicidade de moedas de reserva, a confiança no dólar e secundariamente no euro se despedace antes que novas moedas possam desempenhar o papel que elas hoje 0desempenham na economia internacional.
Definitivamente, não foi um quadro róseo que o economista pintou em sua palestra na Fundação FHC.