O artefato como documento: práticas, desafios e caminhos possíveis
O encontro reuniu especialistas de arquivos e museus do Brasil e do exterior, promovendo debates sobre o estatuto documental de objetos que, ao perderem sua função original, passaram a carregar significados simbólicos e históricos.
Nos dias 3 e 4 de setembro, a Fundação FHC promoveu o Seminário Internacional ‘O artefato como documento: práticas, desafios e caminhos possíveis’.
O encontro foi aberto por Sergio Fausto, diretor geral da Fundação FHC, seguido da conferência inaugural do professor Bruno Delmas (École Nationale des Chartes), que trouxe reflexões sobre o papel dos objetos na construção da memória institucional. Ao longo dos dois dias de evento, quatro mesas-redondas deram corpo ao seminário, com discussões que abordaram desde os aspectos jurídicos relacionados a acervos presidenciais, passando pelas práticas de descrição e tratamento de objetos, até os desafios de nomeação e conservação desses materiais em diferentes instituições.
Com a participação de especialistas como Renato de Mattos, Carlos Ari Sundfeld, Lucile Suire, Paulo Elian, Paulo de Freitas Costa, Giselle Peixe, Alessandra Barbosa, entre outros, o encontro mostrou-se um espaço de diálogo fundamental para compartilhar experiências e propor caminhos metodológicos no tratamento de acervos. O sucesso do evento reforçou a importância da troca internacional e interdisciplinar para a preservação da memória e para o fortalecimento das práticas de pesquisa em torno dos objetos como documentos.
No primeiro dia do seminário, tiveram lugar as mesas de discussão:
Mesa 1: Questões jurídicas em torno de objetos em Acervos Presidenciais no Brasil
A mesa abordou os aspectos jurídicos relacionados à propriedade e custódia de objetos vinculados aos acervos de ex-chefes de Estado. A partir do contexto brasileiro, foram discutidos os limites entre esfera pública e privada, a legislação aplicável a bens de ex-presidentes, e os desafios enfrentados por instituições que conservam esses acervos.
Mesa 2: Reflexões sobre o tratamento de objetos em acervos
Como os museus, arquivos e centros de memória lidam com os objetos? Esta mesa reuniu experiências brasileiras e francesas sobre de que maneira as instituições abordam o estatuto documental dos objetos em seus acervos. Em pauta, metodologias de tratamento técnico de tais documentos, os critérios privilegiados nas diferentes abordagens e as práticas institucionais.
O vídeo a seguir também corresponde ao primeiro dia do evento e conta com recursos de acessibilidade, como audiodescrição e tradução em Libras.
No segundo dia, as atividades foram compostas pelos seguintes painéis:
Mesa 3: Os desafios da nomeação de objetos na organização de acervos
Nomear objetos pode representar um desafio no tratamento técnico desses itens em acervos. A mesa discutiu os critérios adotados por arquivos e museus para nomear, catalogar e descrever objetos. O debate gira em torno dos desafios terminológicos enfrentados pelas instituições, da diversidade de olhares sobre um mesmo artefato e das escolhas metodológicas de tratamento possíveis. Um primeiro passo é reconhecer que a museologia é uma disciplina que oferece uma compreensão aprofundada dessa materialidade e um segundo passo é não se restringir a ela como única possibilidade.
Mesa 4: Conservação de objetos em acervos
A mesa abordou diferentes estratégias de preservação e gestão de reservas técnicas, com foco na conservação de objetos. Apresentou iniciativas de conservação preventiva, soluções para acondicionamento, práticas sustentáveis, e formas de lidar com a diversidade material dos artefatos no gerenciamento dos acervos.
O vídeo a seguir também corresponde ao segundo dia do evento e conta com recursos de acessibilidade, como audiodescrição e tradução em Libras.
Participantes do Seminário:
Alessandra Barbosa
Mestre em História Social pela USP e coordenadora do Laboratório de Conservação e Restauro do Centro de Memória-Unicamp
Ana Carolina Delgado Vieira
Bacharel e mestre em História pela USP e conservadora do Museu de Arqueologia e Etnologia-SP
Bruno Delmas
Professor emérito de Arquivística, Diplomática e História das Instituições na École nationale des chartes (Paris) e ex-presidente da Academia de Ciências de Ultramar
Camilla Campoi
Curadora do Acervo da Fundação FHC e doutoranda e mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal Fluminense (UFF)
Carlos Ari Sundfeld
Professor Titular da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, doutor e mestre pela Faculdade de Direito da PUC/SP e presidente da Sociedade Brasileira de Direito Público (SBDP)
Felipe Andrade Batista
Bacharel em História pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas-USP e pesquisador do Sesc Memórias, centro de memória do Sesc São Paulo
Flávia Vidal
Conservadora e restauradora, dona do Flávia Vidal Ateliê de Restauro e conservadora-chefe do MuBE (Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia)
Giselle Peixe
Museóloga formada pelo Instituto de Museologia da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo
Lucile Suire
Responsável pelo projeto de Usos Digitais nos Archives Départementales du Calvados, em Caen, França
Paulo de Freitas Costa
Arquiteto e mestre em Artes pela USP e curador da Casa Museu Ema Klabin
Paulo Elian
Doutor em História pela USP e pesquisador do Departamento de Arquivo e Documentação (DAD) da Casa de Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz
Renato de Mattos
Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo e professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal Fluminense
Sergio Fausto
Diretor geral da Fundação FHC, cientista político e Distinguished Fellow of the Kellogg Institute for International Studies
Silvana Goulart
Mestre em História pela USP, consultora da Fundação FHC e sócia da Grifo Projetos Históricos e Editoriais